segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Estratégias de Ensino

Paulo Eduardo Martins

Introdução

Por vezes no decorrer do ensino, surgem problemas que deixam os alunos paralisados diante do processo de aprendizagem.

É importante que todos os envolvidos no processo educativo estejam atentos a essas dificuldades, observando se são momentâneas ou se persistem há algum tempo. A dificuldade de aprendizagem decorre de fatores intrínsecos e ambientais de construção do sujeito, bem como da desestabilização em virtude da adaptação ao que é novo. Perraudeau (pág. 116, 2009) analisa a aprendizagem sob o ponto de vista do construtivismo social, que compreende o aprender como uma fonte de dificuldades, pois apropriar-se do novo revela indicadores de erro em trabalhos orais, escritos ou motores.

Convém apresentar as variáveis que segmentam tendências comuns para as quais os alunos estão sujeitos na escola, bem como a influência das relações do professor com os alunos e o ambiente de ensino. Compreender os comportamentos e as reações dos alunos nos momentos cruciais determina postura de observação e interferência contínua do educador. Ressaltamos que aprender é resultado da relação entre o aluno e o meio que freqüenta, até mesmo quando este último é de natureza desestabilizante.

Dentro de uma abordagem construtivista e na subjetividade das pesquisas que implicam na complexidade da compreensão do termo “Dificuldades de Aprendizagem”, busca-se analisar os conceitos atuais referentes as operações cognitivas, bem como os processos que viabilizam o acesso ao conhecimento e a adaptação ao conteúdo, desse modo empreender uma reflexão sobre as estratégias de ensino e as interferências prático-pedagógicas que auxiliam beneficamente o trabalho do professor em aula.

Diante das questões evidenciadas, busca-se empreender uma análise reflexiva sobre as dificuldades de aprendizagem, bem como as estratégias aplicadas pelo professor que auxiliam alunos com dificuldades de aprendizagem, assim como implicam em uma postura crítica e objetiva para a prática pedagógica.

Fundamentação Teórica

O termo “estratégias de aprendizagem”,carregam em si algo muito complexo, no entanto . No entanto, González (pág. 321, 2007), define as estratégias de aprendizagem como um conjunto de processos que podem facilitar a aquisição, o armazenamento e/ou utilização da informação. Essas estratégias podem ser de dois tipos: primárias e de apoio. A primeira prioriza o trabalho sobre o material de texto (compreensão e memória). A segunda sustenta o estado mental adequado para a aprendizagem.

Por tratar de estratégias de adquirir novos elementos, os processos de aprendizagem envolvem estratégias cognitivas que o sujeito realiza para aprender. Nesse contexto existe uma complementação entre o sujeito e o ambiente, de maneira que suas ações determinam a finalidade e natureza dos conhecimentos. O professor intervém nos processos aquisitivos sugerindo, avaliando, dinamizando a condição estrutural dos componentes pedagógicos.

O docente pode empregar algumas estratégias de ensino com a intenção de facilitar a aprendizagem significativa dos alunos. As principais estratégias são as seguintes:

É importante deixar claro seus objetivos: prepare um enunciado que estabeleça condições e deixe clara a forma de avaliação da aprendizagem do aluno. Resumos, sínteses e abstração da informação relevante de um discurso oral ou escrito devem ser estimulados. Deve-se enfatizar conceitos-chave, princípios, termos e argumento central.

Organização prévia: ofereça informação de tipo introdutório e contextual. Essa informação é elaborada com um nível de abstração, generalidade e inclusão superior ao do conteúdo principal. Estenda uma ponte cognitiva entre a informação nova e a prévia.

Ilustrações: devem funcionar como representações visuais dos conceitos, objetos ou situações de uma teoria ou tema específico (fotografias, desenhos, esquemas, gráficos, dramatizações etc.).

Analogias:). são proposições que indicam que uma coisa ou evento (concreto e familiar) é semelhante a outro (desconhecido e abstrato ou complexo

Perguntas intercaladas: perguntas inseridas na situação de ensino ou em um texto mantêm a atenção e favorecem a prática, a retenção e a obtenção de informação relevante.

Pistas topográficas e discursivas: são sinalizações que se fazem em um texto ou na situação de ensino para enfatizar e/ou organizar elementos relevantes do conteúdo por aprender.

Mapas conceituais e redes semânticas: são representações gráficas de esquemas de conhecimento (indicam conceitos, proposições e explicações).

Uso de estruturas textuais: organizações retóricas de um discurso oral ou escrito que influenciem em sua compreensão e memorização.

Em todos os processos o envolvimento das diferentes classes com o desempenho e resposta do aluno aos conteúdos ou componentes. Incluindo o componente cognitivo, pode-se dizer que o sujeito está para o conteúdo, bem como o conteúdo está para o sujeito, pois o professor é responsável por orientar adequadamente o aluno nos processos aquisitivos de linguagem, operações e compreensões das abordagens. Para a aplicação consciente dos processos no ensino, é preciso avaliar corretamente os alunos, bem como o perfil da turma de acordo com a faixa etária, a condição física e mental e os componentes sociais e culturais que envolvem a vida dos mesmos.

Se faz necessário também manter a atenção dos alunos durante uma aula, discurso ou texto. Os processos de atenção seletiva são atividades fundamentais para o desenvolvimento de qualquer ato de aprendizagem. Essas estratégias podem ser aplicadas de maneira contínua para indicar aos alunos sobre que pontos, conceitos ou idéias devem centrar seus processos de atenção, codificação e aprendizagem. Algumas estratégias que podem ser incluídas nesse grupo são: as perguntas inseridas, o uso de pistas ou chaves para explorar a estrutura do discurso – oral ou escrito – e o uso de ilustrações.

Conclusão

As dificuldades de Aprendizagem apresentam como um verdadeiro desafio para a programação e atitudes do docente. As estratégias para cada caso em particular são muito específicas. Abordou-se aqui de maneira simplificada algumas estratégias.

Reforça-se a importância de estabelecer as variáveis que determinam pontos estratégicos de avaliação do aluno, sendo que a análise de fatores internos, ambientais, de execução de tarefas e avaliação são fatores imprescindíveis para uma boa programação e seleção de trabalhos para o professor.

O ideal é que escolas organizem ações de intervenção para os professores e para os pais que não sabem o que fazer em caso de problemas ou como forma de estimular o ensino da aprendizagem para os filhos.

É preciso estar sempre atento para o reconhecimento das causas, pois há fatores perceptíveis, e há outros não-perceptíveis, que sugerem observação e pesquisa, assim como sugerem um envolvimento maior com pais e superiores.

Professores podem ser os mais importantes no processo de identificação e descoberta desses problemas, porém não possuem formação específica para fazer tais diagnósticos, que devem ser feitos por médicos, psicólogos e psicopedagogos.

Referências

GONZÁLEZ, E. et al. Necessidades educacionais específicas – Intervenção Psicoeducacional. Porto Alegre: Artmed, 2007.

FONSECA, V. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008.

PERRAUDEAU, M. Estratégias de Aprendizagem – como acompanhar os alunos na aquisição dos saberes. Porto Alegre: Artmed, 2009.

BERNARDO, Gustavo. Educação pelo argumento. Porto Alegre: ArtMed, 2000.

FONSECA, Vitor da. Aprender a aprender. Porto Alegre: ArtMed, 1998. MOREIRA, Marco Antônio. Aprendizagem significativa. Brsília: Ed. UNB, 1999.

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