domingo, 23 de março de 2014

A ATUAÇÃO DO PICOPEDAGOGO NA ESCOLA COM AS CRIANÇAS COM DIAGÓSTICO DE DISLEXIA

Introdução
Diferente do que muitos acreditam, pesquisas realizadas em vários paises mostram que a dislexia é mais comum do que muitos acham e que cerca de 10 a 15% da população mundial tem dislexia. Por muitos anos tem se confundido dislexia com preguiça ou coisa deste tipo. Entretanto a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Na verdade é um distúrbio da aprendizagem que dificulta a leitura e a escrita do aluno. Isto vem a ocorrer por causa de um problema neurológico que vem a fazer com que o disléxico não venha a ter o mesmo desempenho que outros leitores que processa uma palavra em uma média de 150 milésimos de segundos.

Conceito e Características da Dislexia
Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem de origem neurológica. É caracterizada pela dificuldade com a fluência correta na leitura e por dificuldade na habilidade de decodificação e soletração. Essas dificuldades resultam tipicamente do déficit no componente fonológico da linguagem que é inesperado em relação a outras habilidades cognitivas consideradas na faixa etária . (BRADY, 2003). Esta é a definição mais aceita pela grande maioria da comunidade científica.
Entendemos por isto que uma pessoa disléxica tem uma grande dificuldade em adquirir e deseenvolver o mecanismo de leitura e escrita. Na leitura, o disléxico apresentará uma leitura lenta com muitos erros ocorridos ou por troca de letras e/ou sílabas, além claro da dificuldade em intrerpretar o que leu. Já na escrita, o mesmo vai apresentar uma ortografia bem comprometida por causa de troca de letras (como o b pelo d ou p), um vocabulário nada rico e as frases bem complicadas, muitas vezes sem sentido.
De acordo com estudos feito pela universidade de Michigan Health System, a dislexia é a dificuldade de aprendizagem mais comum com uma soma de 80%. Em média uma a cada cinco crianças nascem com este distúrbio, desde o mais leve até o mais rigoroso, a grande maioria destes que tem este distúrbio são meninos. Conclui-se que uma grande porcentagem dos que tem dislexia também tem TDAH (NORDQVIST, 2013).
A causa da dislexia ainda é um mistério, o que se sabe é que a grande maioria dos disléxicos nasce com este distúrbio e que é hereditario. Somente uma pequena porcentagem adquiiram durante o percurso da vida causado por um trauma no cerébro. Tem-se criado uma hipótese de que a dislexia é causada por um déficit no sistema de processamento fonológico motivado por uma “disrupção” no sistema neurológico cerebral, ao nível do processamento fonológico. E é por esta causa que o problema de leitura e escrita é tão sério.
Entretanto, nem sempre foi assim. Desde que o primeiro caso foi regristrado, em 1896, onde Pringle Morgan, descreveu o caso clínico de um jovem de 14 anos que, apesar de ser inteligente, tinha uma incapacidade quase absoluta em relação à linguagem escrita, que designou de “cegueira verbal”, a dislexia tem recebido diversas denominações: “cegueira verbal congênita”, “dislexia congênita”, “estrefossimbolia”, “alexia do desenvolvimento”, “dislexia constitucional”, “parte do contínuo das perturbações de linguagem, caracterizada por um déficit no processamento verbal dos sons”. Somente a partir do ano de 2003, a definição mais aceita pela comunidade científica até o momento atual foi elaborada, de acordo com o que já foi citado anteriormente.
É importante entendermos como funciona o cérebro no processo da leitura para podermos compreendermos o funcionamento do disléxico no desenvolvimento desta habilidade. (Fig.1)

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Fig. 1- Processamento Cerebral da Leitura

Os leitores eficientes utilizam este percurso rápido e automático para ler as palavras. Ativam intensamente os sistemas neurológicos que envolvem a região parietal-temporal e a occipital-temporal e conseguem ler as palavras instantaneamente levando até menos de 150 milésimos de segundos. Já os leitores com dislexia, utilizam um percurso lento e analítico para decodificar as palavras. Ativam intensamente o girus inferior frontal, onde vocalizam as palavras, e a zona parietal-temporal onde segmentam as palavras em sílabas e em fonemas; fazem a tradução grafofonêmica, a fusão fonêmica e as fusões silábicas até aceder ao seu significado. As crianças com dislexia apresentam uma “disrupção” no sistema neurológico que dificulta o processamento fonológico e o consequente acesso ao sistema de análise das palavras e ao sistema de leitura automática. Para compensar esta dificuldade utilizam mais intensamente a área da linguagem oral, região inferior-frontal, e as áreas do hemisfério direito que fornecem pistas visuais. É por este motivo que para um disléxico aprender uma língua cuja a escrita e a fala não tem ligação, torna-se mais difícil de ser aprendida (Fig. 2). (SHAYWITZ et al., 1998)

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Fig. 2- Comparação do sistema cerebral

Sintomas e Diagnóstico

Apesar de só poder se ter um diagnóstico fechado de dislexia, após a criança ter entrado na escola e iniciar o processo de aprendizagem de leitura e escrita, alguns sinais já aparecem mesmo antes dela ter estas noções. Para podermos fazer um diagnóstico bem apurado vamos dividir os sintomas em duas fases, na infâcia e na escola.
Na infância, as crianças com dislexia aprendem a engatinhar, andar, falar, jogar e pegar, andar de bicicleta mais tarde que o normal. Além de ter uma dificul-dade na consciência e manipulação fonológica.(NORDQVIST, 2013)
Na escola: As crianças tem dificuldade na leitura, e sempre arrumam descul-pas para não ter que ler, com isto apresentarão também problemas em compreen-são de texto. Apresentam complicação na fala, principalmente com rima e em dis-tinguir entre alguns sons de palavras. Outra dificuldade relacionada a fala e leitura são as constantes trocas de letras e sílabas como: b e d; q e p; o-u; p-t; b-v; s-ss-ç; s-z; f-t; m-n; f-v; g-j; ch-x; x-z-j; nh-lh-ch; ão-am; ão-ou; ou-on; au-ao; ai-ia; per-pre. Não conseguem memorizar datas, dias da semanas e até anos. Dentre outras te-mos a dificuldade de distinguir entre esquerda e direita e ter sérios problemas em se concentrar por um longo período de tempo.
Uma dos maiores sinais do distúrbio aparece quando a criança escreve espelhado e/ou troca constantemente letras ou sílabas. Em casos mais graves, a criança literalmente escreve o texto da direita para esquerda. Outro fato interesante é que um dos motivos para não lerem em público é que parece que as letras que estão a sua frente começam a dançar ou até mesmo se movimentar na sua frente.
Pensando nestes fatos que falamos acima a maioria dos estudiosos acredi-tam que para se obter um diagnóstico concreto, só é possível após a criança ter completado 7 anos. Isto por que alguns dos sintomas acima podem se misturar com erros comuns em crianças na fase pré-escolar. (BRADY, 2003)Quando então for feito uma análise, devem ser investigados alguns pontos básicos para então descartar ou confimar o diagnóstico de dislexia. Estes pontos são: informação familiar, inteligência, habilidade na fala, reconhecimento de pala-vras, processo fonológico, conhecimento de vocabulário e compreensão de texto.
Deve ser lembrado que a dislexia não só ocorre na leitura ou na escrita, ela também afeta a matematica, causando algum tipo de discalculia. Geralmente, cau-sada pela troca de números e/ou a confusão entre símbolos.

O Papel do Psicopedagogo

Quando diagnosticada a dislexia, o psicopedagogo irá intervir procurando favorecer a melhora da leitura e escrita com técnicas que envolvam todos os sentidos, proporcionando o desenvolvimento das seguintes habilidades: reconhecimento fonemas, leitura em voz alta, construção de um vocabulário e compreensão de texto.
Uma tática que tem dado certo é a de tirar a criança de sala de aula por al-gumas horas durante a semana, para junto com outros ou, somente com o profes-sor, trabalhar suas dificuldades. Neste tempo será trabalhado atividades de leitura, tanto pessoal, para treinar compreensão de texto, como em voz alta, para ajudá-lo a vencer o medo. Devemos lembrar que quando uma criança tem dislexia ela tem vergonha de errar trazendo com isto a desmotivação.

Considerações Finais

A criança disléxica é geralmente triste e deprimida pelo repetido fracasso em seus esforços para superar suas dificuldades, outras vezes mostra-se agressiva e angustiada. A frustração causada pelos anos de esforço sem êxito e a permanente comparação com as demais crianças provocam intensos sentimentos de inferioridade. ( MOURA, 2014).
Através das palavras de Moura (2014), descobrimos que uma criança disléxi-ca que não for tratada corretamente pode se tornar um adulto frustrado e/ou depri-mido que sempre vai se sentir fracassado. Logo, o psicopedagogo apresenta um papel bastante relevante na identificação do problema e no acompanhamento da criança, para prevenir danos maiores.
A partir da pesquisa realizada foi possível conhecer que a dislexia é um sério problema de aprendizagem que afeta 1 em cada 5 pessoas pelo mundo e que não tem nada a ver com falta de inteligência. Mas sim, com a dificuldade ou a lentidão que o cérebro processa as informações e ,por muitas vezes, transmite-as erronea-mente.
Quando o disléxico é estimulado a trabalhar a leitura, escrita e formar estra-tégias que o ajudará a avançar na vida teremos em nossas mãos futuros artistas como: Tom Cruise, John Lennon, Steven Spielberg e Leonardo da Vinci. Ou tere-mos grandes gnios da ciencia como: Albert Einstein, Alexander Graham Bell, Steve Jobs e outros.

REFERÊNCIAS

TELES, Paula. Dislexia: como identificar? Como intervir?. In: Revista Portuguesa de Clínica Geral - Dezembro de 2004.
TAROUCA, Ana; PIRES, Pedro. Instituto de Apoio à Criança – Infocedi n.º 32; Janeiro-Fevereiro 2011.
NORDQVIST, Christian. "What Is Dyslexia? What Causes Dyslexia?." Medical News Today. MediLexicon, Intl., 24 Oct. 2013. Web. 17 Mar. 2014. Disponível em: http://www.medicalnewstoday.com/articles/186787.

Trabalho de pesquisa apresentado por:

Jonathan Mark Watson
Marleide Francisco de Lima
Paulo Eduardo M. Pereira
Losane Cristina M. Pereira

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