sábado, 21 de setembro de 2013

Reflexão sobre as "Duas Joias" - LIDAR COM A PERDA"

Narra uma antiga lenda árabe, que um rabino, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família.
Esposa admirável e dois filhos queridos.
Certa vez, por imperativos da religião, o rabino empreendeu longa viagem ausentando-se do lar por vários dias.
No período em que estava ausente, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados.
A mãezinha sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura.
Todavia, uma preocupação lhe vinha à mente: como dar ao esposo a triste notícia? Sabendo-o portador de insuficiência cardíaca, temia que não suportasse tamanha tristeza.
Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão. Alguns dias depois, num final de tarde, o rabino retornou ao lar.
Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos…
Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse seu banho e logo ela lhe falaria sobre os moços.
Alguns minutos depois, estavam ambos sentados à mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem e logo ele perguntou novamente pelos filhos.
A esposa, numa atitude um tanto embaraçada, respondeu ao marido:
-Deixe os filhos; primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.
O marido, já um pouco preocupado perguntou:
- O que aconteceu? Notei você abatida! Fale!
Resolveremos juntos com a ajuda de Deus.
-Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas jóias de valor incalculável, para que as guardasse. São jóias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo! O problema é esse! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?
-Ora mulher! Não estou entendendo o seu comportamento! Você nunca cultivou vaidades!…Por que isso agora?
-É que nunca havia visto jóias assim! São maravilhosas!
-Podem até ser, mas não lhes pertence! Terá que devolvê-las.
-Mas eu não consigo aceitar a idéia de perdê-las!
E o rabino respondeu com firmeza: ninguém perde o que não possui. Retê-las equivaleria a roubo!
-Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo.
-Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido. Na verdade, isso já foi feito. As jóias preciosas eram nossos filhos.
-Deus os confiou à nossa guarda, e durante a sua viagem veio buscá-las. Eles se foram…
O rabino compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa, e juntos, derramaram muitas lágrimas.
Extraído do livro “Quem tem medo da morte” “

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